Eu sei que sou demasiado insegura. Também sou demasiado ciumenta e eu própria já percebi que embirro com todas as raparigas que se aproximam de ti. Isto irrita-te certo? Deves pensar que não confio em ti e que te devo achar apenas mais um rapaz, que anda por aqui a tentar conquistar apenas mais um coração para acrescentar á sua lista. És mesmo tonto. Achas mesmo que é isso? Todas as minhas atitudes menos correctas, pode-se assim dizer, tem uma explicação. É uma palavrinha de quatro letras que dá cabo de mim, de dia para dia. Não parvo, não é o amor apesar desse sentimento maluco aumentar a cada dia que passa. É o medo, conheces? Eu tenho medo, mas tanto. Eu tenho medo que me partas o coração da mesma maneira que já me partiram. Tu sabes o que eu passei não sabes? Tu viste o meu estado? Eu nem sei o que fiz, nestes tempos. Não sabia onde é que ia buscar forças para andar e muito menos como é que conseguia sorrir e fingir que estava tudo bem. Eu era mesmo uma heroína, não achas? Tudo bem, eu não tinha uma capa como aquelas pirosas que elas costumam usar, mas eu fazia um papel bem mais importante do que o delas. Eu não salvava ninguém, mas conseguir fingir que estamos vivos, quando estamos mortos por dentro é algo muito mais complicado, não achas? Eu resolvi os problemas dos outros, quando a minha maior vontade era deitar-me no chão e esquecer que o resto do mundo tinha de fazer sentido. Eu passei noites em branco, gastei todas as palavras presentes no dicionário ao escrever mais de trezentas e sessenta e cinco cartas em vão, chorei dias e noites, noites e dias, tudo pelo mesmo rapaz. Afastei-me de tudo e de todos e fazia dos meus dias uma rotina aborrecida e desgastante. Uma rotina que se baseava em acordar, disfarçar as olheiras da noite anterior, repetir quinhentas vezes na minha cabeça que não podia falar dele e sorrir com uma cara um pouco credível. Chegar a casa, deitar-me e ficar á espera que alguma coisa o fizesse falar de mim, falar comigo. Ou então que algum sinal me aparecesse e dissesse que eu devia fazer alguma coisa, sem ser esperar. Imagina. Troca de lugar comigo, por apenas segundos. Olha para todas as recordações que criaste no último ano e apaga-as a todas. Tudo o que fizeste durante trezentos e sessenta e cinco dias, puff. E nesse tempo todo, viveste apenas á espera de algo que tu no fundo sabias que não ia acontecer. Amaste alguém com todas as tuas forças e até mesmo com as que não tinhas. Eras capaz de fazer tudo e mais alguma coisa, por alguém que se calhar  antes de adormecer desejava não te encontrar no dia a seguir. E mesmo assim, tu eras capaz de dar a volta ao Mundo, de dar a tua vida toda, de fazer tudo por essa pessoa que apenas queria saber de ti, para se puder rir num momento aborrecido. Percebes agora? Percebes agora, o medo que o meu coração tem de se entregar a ti e de voltar a ser magoado? Ele achou que tu não me ias magoar e ele confia imenso em ti, mas a minha consciência faz com que eu me recorde todos os dias deste meu último ano e fez com que eu prometesse a mim mesma, que ele não se ia voltar a repetir. Eu faço tudo por ti. Eu rebaixo-me a torto e a direito, mesmo que me custe. Eu aguento todas as criticas que tu me fazes e que mesmo sem tu te aperceberes, me deixam mal. Eu percebo que me fales super mal, mesmo que isso me deixe com as lágrimas nos olhos. Eu aguento isso tudo. Eu só quero que percebas que eu nunca aturei isto de ninguém. De ninguém mesmo, entendes?Nunca deixei ninguém falar-me da maneira que quisesse e fingir no dia a seguir que nada daquilo tinha acontecido. Mas de ti eu vou aguentar. Eu vou aguentar esse teu feitio complicadissímo. E isto tudo, porque eu amo-te. Porque eu não imagino a minha vida sem ti. Não imagino acordar sem uma mensagem tua, ou então sem saber que vais embirrar comigo por ser pequenina. Eu só te quero pedir para não me partires o coração. Não me deixes de um dia para o outro, está bem? É que como vês, apesar de eu não ser a mais fácil de lidar, sou a rapariga que vive o amor mais intensamente do que qualquer outra coisa. E se por acaso, algum dia, achares que não dá mais, diz-me. Diz-me e depois vai afastando-te aos poucos. Não mandes logo o meu coração ao chão com frieza. Eu vou deixar-te ir, mesmo que me doa. Só quero que percebas que venha quem vier, venha o que vier, eu não vou desistir de nós. Por nada deste mundo. 

Beijinhos,

da tua princesa pequenina que um dia ainda vai ser maior que tu.