24 Fevereiro de 2011
Então? Como estás? Não ligues. Eu sei que estás mal, porque deixei-te há cinco minutos atrás a chorar. Eu deixei-te a chorar baba e ranho e isso doeu-me aqui no ponto crucial do meu coração. Desculpa. Desculpa todas as dúvidas e tudo o que anda na minha cabeça. Eu sei que te fartas de gastar a palavra amo-te comigo, sabendo sempre que eu não irei acreditar em ti. Não se trata de acreditar ou não, sabes? Trata-se da impossibilidade que existe de uma pessoa como tu, gostar de alguém como eu. Trata-se de eu nunca ter achado possível que o destino nos juntasse. Eu acho impossível que tu me ames dessa maneira louca e sem sentido. Eu nunca vi nada assim. Nunca vi ninguém tão machucado, por outro alguém. Nunca vi alguém tão disposto a tudo e mais alguma coisa, para roubar o coração a outra pessoa. Nem mesmo, naquele filme estúpido que eu te obriguei a ver comigo, a semana passada. Eu não percebo o que é que viste em mim, sabes? Disseste que um dia mais tarde, me explicarias tudo tim-tim por tim-tim e deixaste-me a morrer de curiosidade. É que eu sou tão complicada, tu sabes tão bem disso. Sabes que sou fria e ao mesmo tempo sensível. Sabes que não sou de avançar nem de me deixar ficar atrás. Não permito que embirrem comigo e sou tão orgulhosa. Eu sei que tu também o és, mas tu sempre me disseste que por mim te rebaixarias as vezes possíveis. Tu és louco? Achas que me és indiferente? Claro que não. Tu com essas palavras doces e com esses gestos tão carinhosos, deixas-me a tremer. Mas se isso bastasse, meu amor. Eu tenho o meu coração dividido entendes? Eu não me autorizo a contar-te isto, porque sei o quão magoado irias ficar, por isso prefiro dizer-te que o meu coração está fechado e que não vais nunca entrar nele, quando estás a entrar aos poucos e poucos. Tu tens tanta paciência, meu deus. E essa paciência toda vai acabar por me conquistar, vais ver. Não desistas, por mais vezes que eu diga para o fazeres. Mas como eu estava a dizer, tu sempre disseste que gostavas de mim, por eu ser diferente. Por tudo o que me caracterizava tão bem e por ter uma maneira doida de te compreender. Mas mesmo que eu queira que permaneças por estes lados e me continues a conquistar, o melhor que farias – para ti próprio – era mesmo seguir com a tua vida. É que mesmo que tu me ames, sim a mim, eu vou acabar por ter o dobro do sentimento por ti.
24 de Fevereiro de 2012:
Conseguiste. Conquistaste-me como sempre quiseste. Conseguiste com que eu deixasse todos os rapazes para trás e que apenas te desejasse a ti. Conseguiste fazer com que eu fosse capaz de te dar o mundo todo e não ter forças para te o tirar. Eu pensava que não, mas boa. Sentes-te realizado? Aqui estou, no chão do meu quarto a escrever neste livrinho tão pequenino. Sempre achaste estúpido eu ter caderninhos pequeninos, mas olha eles agora guardam as minhas mágoas todas. Aqui estou eu a ouvir a nossa música. Sim, aquela que tu cantavas aos altos berros. Aquela que tu ias gritar para a janela, para ver se eu te ouvia. A mesma música que me recorda de tudo o que te faz ter uma marca no meu coração, mas também me relembra as coisas que me deixam despedaçada. Tu dás-me cabo do coração. Tu destróis tudo o que eu ainda consigo guardar de bom em mim e eu estou tão farta disso. Tu prendeste-me de uma maneira, nunca antes vista, tu nem imaginas. A saudade tornou-se tão cliché na minha vida, sabes? A saudade que tu criaste. O buraco que tu abriste no meu peito. Tornaste impossível com que eu seguisse com a minha vida e não imaginas a raiva enorme que isso me mete. É que mesmo depois de tudo o que fizeste, de todos os erros que cometeste comigo, de teres sido um autentico filho da mãe comigo, eu consigo continuar a amar-te. Sim, a amar-te. Ainda te lembras o que é isso? Ah esquece, não. Achas que eu acredito, quando os teus amigos me dizem que a última e a rapariga que mais amaste fui eu? Oh, por amor de deus. Se me tivesses amado assim tanto, não tinhas partido com esta leviandade. Não me tinhas deixado assim, no chão, de coração partido. E depois de tudo isto, eu ainda gostava de voltar a ver o teu sorriso direccionado a mim. Gostava de voltar a sentir o teu toque no meu cabelo. Gostava que me voltasses a dar beijinhos na testa, com todo o amor possível. Gostava que me abraçasses fazendo sentir-me pequena. Gostava que voltasses a morder-me as bochechas, e a brincar com as minhas orelhas. Gostava que ouvisses os meus problemas novamente, e gostava que voltasses a contar-me as coisas que tanto te atormentavam. Gostava que falasses comigo, como se eu fosse o teu diário. Quero tanto poder voltar a fazer o típico caminho para casa e ver-te á janela á minha espera. É que sabes, entre tantos outros, eu escolhi-te a ti. A ti e só a ti. Escolhi-te a ti, mesmo que não tenhas o cabelo nem o sorriso perfeito. Mesmo que tenhas defeitos que choquem tanto com os meus. Eu escolhi-te a ti – mesmo que escolher-me a mim, já nem te passe pela cabeça.
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