A nostalgia da minha alma já cansa um bocadinho, não achas? Até a mim, já me cansa. Eu preferia milhares de vezes, as tuas palavras que me magoavam de uma maneira que me fazia barafustar, gritar do que todo este silencio que me mata lentamente, dia após dia. Esse mesmo faz o meu coração derramar de mágoa juntamente com as tardes e noites frias que passo porque tu deixaste de estar cá e de me abraçar com força - abraçavas-me sempre fortemente, mas de uma maneira gentil e carinhosa, algo que eu nunca percebi como era possível - sempre que eu tinha frio e vagueias por cantos que estão tão longe dos meus. Ausentas-te da minha vida tão colorida e sabes? Ela já não o é. Tu é que lhe davas cor e agora que partiste, ela está cinzenta há já muito tempo. Tu deixaste-me e eu fiquei parada perplexa no tempo, em silêncios, lágrimas de saudade que me perfuram cada batimento cardíaco e cada veia do meu corpo. Calar todo este amor deveria ser crime. Ele é tão grande e eu continuo a mante-lo dentro de mim, mesmo que por vezes seja difícil. Optei por calar todos os pensamentos que tenho acerca de ti, porque eles são tão sem sentido. Opto por me sentar na cadeira que tenho virada para o jardim - onde estive tantas vezes contigo - e ver o tempo passar. Eu olho á minha volta e não sinto nada. Absolutamente nada. Refugio-me em músicas românticas que acabam por conseguir demonstrar tudo o que sinto em melodias tão belas. A cada minuto que passa chega-me uma nova memória ao pensamento e a personagem principal és tu. Acabo por fechar os olhos e sentir a sensação que ela me trouxe há já algum tempo, fingindo que as minhas mãos não estão congeladas mas sim quentes porque estás novamente cá para as aquecer. Acabo por gritar diariamente que não quero ficar presa esta nostalgia, que quero deixar de ver os ponteiros do relógio passarem por mim e quero ser eu a passar por eles, mas rendo-me sempre pois este amor é tão mais forte do que qualquer tipo de força de vontade. Apenas um silencio teu despertou tudo isto. Aquele silencio que decidiste iniciar naquela tarde fria - pelo que tu me disseste - de Sexta-Feira, onde foi a última vez que me puxaste pela cintura, me deixaste enfestada do teu perfume e me agarraste no pescoço. Eu mereci este silencio todo, mas já não o mereço. Não agora, depois de tanta coisa. Mas acabo por deixar este assunto ser perfurado pelos acontecimentos do passado, que não terminam com as lágrimas, mas que me fazem deitar uns sorrisos no meio de tantas. Odeio o facto do teu silencio me afectar tanto, sabendo que isso é algo que não irá mudar. Que o teu nome nunca mais irá aparecer enquanto oiço a música melo dramática que tenho como toque e que os encontros á porta de tua casa iram continuar a não se suceder. Deixaste-me assim ; sem poder correr e sem poder falar. Eu não te posso puxar para junto de mim, não posso falar contigo, quando optaste por não me ouvir. Não posso cuidar de ti, nem te avisar que as tuas escolhas não são sensatas. Apenas posso ver os dias a passarem, o mundo a fugir-me e a ver-te cada vez mais longe de mim - até chegar o dia em que estejas longe demais até para nem te poder observar -. Acredita em mim, este amor que eu sinto por ti, não foge - mesmo que o queira - por isso eu continuo aqui enrolada no meio dos meus lençóis, á espera do dia em que a minha imagem fique presa ao teu pensamento e o teu coração desperte qualquer tipo de saudade por mim. Aí tudo vai passar. Tudo vai valer a pena e o meu coração vai voltar de novo a estar curado. E eu interrogo-me todos os dias acerca de quando tal irá suceder.

1 comentário:

Jun disse...

Tive saudades, como te sentes?