20 de agosto de 2012:
(Desabafos de um rapaz)
Tenho pensado em ti. Lembro-me de todos os pormenores da tua cara. Dos teus olhos verdes, das tuas sardas que te assentam na perfeição - nunca gostei de sardas, mas a ti elas não poderiam ficar melhor-. Recordei-me daquela pulseira que tu costumavas usar e nem para dormir a tiravas. Do teu ódio pelas tuas orelhas e o teu cabelo cheio de caracóis, com um aroma completamente inesquecível. E tudo isto, porque hoje á tarde, estava á janela e passaste mesmo ali á porta de minha casa. Como se passar ali, não desse cabo de ti. Como se eu nunca tivesse pertencido á tua vida. Parei um pouco e observei-te. Claro, tu continuavas linda, mas eu também não esperava outra coisa. Continuas a recusar-te a usar roupa de Inverno, pelo que percebi. Com um frio daqueles, e tu só com aquele casaco vestido! Não te vou mentir e dizer que não me senti atrapalhado, pois senti. Tive uma certa vontade de abrir a janela e gritar o teu nome, mas pensei que deverias estar demasiado ocupada para me ouvir, porque não paravas de sorrir para o telemóvel. Tentei esquecer este pormenor, mas não valeu de nada. Como é óbvio as pessoas na rua olhavam para ti de alto a baixo - o que não é nenhuma novidade - como se fosses demasiado bonita para habitar neste mundo. E oh, tu és mesmo. Mas mesmo assim, nada atrapalhava o teu caminho. Continuavas a andar e nem um segundo hesitaste para olhar para a janela de minha casa. Da minha casa, que eu gostava de chamar nossa casa. Mas mesmo assim, eu ainda estava ali especado com a cabeça quase colada ao vidro, a tentar não te perder de vista. Não percebi o que se passava comigo mas a minha vontade era ir ter contigo. Era ir ter contigo e perguntar-te porque é que não desperdiçaste uns meros segundos da tua vida, para olhar para lá. Será que nada daquilo teria tido significado para ti? Miúda, estas a voltar a dar-me a volta á cabeça e eu não sei o que fazer. Tu realmente não és deste mundo. Nota-se tão bem que já me esqueceste e eu sinto-me completamente á toa, sem saber onde guardaste tudo o que sentias para mim. Porra, tu não costumavas ser assim. Tu sabias mesmo o que era am4ar um gajo, porque é que também não me amas? Nada anda a fazer sentido e cada vez me interrogo mais, se algum dia chegaste sequer a gostar de mim. É que parecia mesmo, que me ias amar para sempre. Eu sei que parece estúpido dito em voz alta, mas na minha cabeça fazia todo o sentido. Tu apareceres daqui a uns cinco ou seis anos na minha vida, sorrindo e ao me encontrares numa festa quando já tivesses bebido demais, me admitisses que ainda sentias a minha falta. Íamos para minha casa, recordar os bons velhos tempos, como eu gosto de dizer e eu iria perceber que tu nunca me esqueceste, mas parece que a vida me decidiu surpreender e nada foi assim. Ás vezes pergunto-me a mim próprio, se deixar-te foi o melhor. Se não poderia ter uma vida mais preenchida ao teu lado. Oh, mas tu és uma miúda de 24 horas e eu não tenho tempo para isso. Aliás nunca tive tempo, para essa baboseira do amor. E tu dedicavas-te completamente a mim, o que me assustava. E havia tanta miúda espalhada por aí, a achar-me piada. E eu não sou gajo de me dedicar só a uma rapariga. Apesar de eu adorar a tua essência, todas as outras me seduziam e oh... um gajo também não resiste, não é. E eu também não tinha paciência para as tuas coisas sobre eu ter de me esforçar mais na escola. Ou então os teus discursos sobre a maneira como eu falava á minha mãe. Claro que tu só querias o meu bem, mas eu não vou mudar. Eu nunca vou mudar, muito menos por uma gaja. Mas se mudasse, era por ti. Tu mesmo, que passou á minha porta e nem sequer paraste para olhar. É que sabes, tu ensinaste-me como pode ser bom ter alguém com que partilhar a nossa vida. E mais nenhuma me fez sentir da maneira, que tu fizeste. Para ser muito sincero, eu sinto tua falta. E mesmo que me tenha apercebido disso só agora, continua a ser saudade e continua a doer. E quando eu voltei á janela, tu ainda lá estavas. Sentada numas escadas de um prédio a fumar um cigarro. Continuas com os teus maus hábitos, mas nem isso te tira a piada. E de repente, um autocarro tapa-me a vista e já não te vejo. Quando ele finalmente passa, eu vejo-te correr para o outro lado do passei, para o colo daquele filho da puta, de quem eu sempre tive ciumes e tu sempre disseste para eu não me preocupar. Ele beijou-te com intensidade e eu vi o teu sorriso. Oh bolas, aquele sorriso não. Estou perdido, tu já nem passas sequer um minuto do teu dia, a pensar em nós, pois não? Também não te condeno, eu não sou o melhor gajo deste mundo. Digo-te, com toda a certeza, deixar-te foi o maior erro da minha vida. Não por teres um bom corpo, ou por todos te acharem piada. Mas porque tu sabias quem eu era. Tu conhecias todos os pontos da minha alma, e eu nem por um segundo parei para pensar nisso. Mas podes ter a certeza, que sempre que eu te vir me vou recordar de tudo o que passámos, pensar porra,
ela já foi minha e vou adormecer todas as noites na esperança de que no próximo dia tu apareças á porta da minha casa, com aquele sorriso de quem nunca se foi realmente embora.
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