
Eu ainda me sinto um bocado zonza, ao saber que estou a escrever todas estas palavras para ti e ao saber como é que vou terminá-las. Eu lembro-me do primeiro dia em que estive contigo. Lembro-me de como eu era e de como eu sou agora. Lembro-me do quão destroçada estava. Aquela pessoa era mesmo eu? Aquela rapariga que chorava durante horas á frente de todas, era eu? Eu nunca pensei, que aquela moreninha, que eu sempre achei linda, me alterasse o mundo e o sentido de vida. Tu tens uma característica tão especial e diferente de todos os outros. Eu posso dizer-te isto várias vezes, em tom de gozo, mas acredita que tem toda a verdade. Tu marcas qualquer um. Tu, com esse feitio irritante, com essa maneira de ser estranha. E quem não o admite, é falta de coragem. Quem o mostra, quer ter-te aos pés. Quem nada faz, é porque se sente pouco importante ao teu lado. Quando disserem que não tens nada haver com isto, estão a mentir-te com todos os dentes que tem na boca. Tu tomaste conta de mim, como ninguém tomou. Fizeste-me crescer e ensinaste-me tudo. Partilhaste o teu mundo comigo, e eu fiz exatamente o mesmo comigo. Não quero saber do que o que os outros dizem, a nossa amizade foi perfeita. Em todos os seus pontos, ela nunca desceu da perfeição. Não me digas que eu mudei, eu não mudei. Eu estou bem, eu estou a por-me a mim primeiro, como tu sempre me ensinaste. Mas não penses que eu não penso em ti, todos os dias. Eu penso e é raro o momento em que não te utilize numa frase a falar do quão esplêndida és. Mas eu fartei-me, minha querida. Eu fartei-me de andar atrás de ti e levar sempre com pontapés. É isso mesmo. Tu não suportas um erro, e eu cometo-os ás toneladas. Tu não suportas erros acidentais e eu nunca vou parar de os cometer. Não te atrevas a dizer sequer que eu te deixei. Que eu não me preocupei contigo. Eu preocupo-me tanto contigo, nem tu tens noção. Eu sou capaz de deixar os meus problemas todos para trás, para resolver os teus. Sou capaz de fazer tudo para te ver bem. Mas quando tu não me o deixas, que é que queres que faça? Eu não consigo lidar com nada disto, não consigo. Não consigo procurar mais soluções para não te perder. Porque o raio de uma amizade não se perde, por uma não telefonar á outra durante uns dias! Não se perde, por uma não poder estar com a outra! Não se perde, muito menos, por outras amizades! Uma amizade resume-se a duas pessoas e ambas tem de a saber manter. Uma amizade, por mais afastamentos que tenha, nunca se perde. E é isso que tu tens de compreender. E não me deixar, assim. Assim, com uma despedida cheia de palavras bonitas, depois de tanto tempo ao meu lado. Sabes o que é eu estar bem contigo e pensar se amanhã também vou estar? Sabes o que é falares bem comigo durante a amanhã e durante a noite seres capaz de gritar comigo, por uma palavra que não gostaste de ouvir? Eu não aguento estar insegura vinte e quatro horas sobre vinte e quatro horas, acerca da amizade a que dou mais valor á face deste mundo. Eu nunca te vou negar ajuda. Aliás, vou ser sempre, independentemente de tudo, quem vai mais sofrer com o teu sofrimento, quem vai chorar ás escondidas depois de saber que também o fizeste, que vai perceber todos os sentidos das tuas palavras. Mas se queres deixar-me, por achares os meus erros, demasiado para se aguentar, eu vou deixar-te ir. Prometendo-te que o teu coração vai ficar cheio de amor, novamente. Que vais encontrar alguém, que vai saber tomar conta dele, como tu sempre sonhaste. Não me trates é como algo garantido, eu não o sou e não aguento isso, nem por um minuto. Porque muita coisa pode mudar, mas o sentimento não. Amo-te como se ama uma irmã.
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