Minha menina, 
gostava de te poder dizer que vou estar aqui para sempre. Que o nosso nós não vai mesmo ter prazo de validade como ambas desejamos. Mas eu não te posso prometer algo de que eu não tenho certezas. Quem me dera ter as certezas todas na mão e poder dizer-te que vou estar sempre do teu lado para te limpar as lágrimas, para te fazer sorrir quando menos te apetece, para gozar com as tuas caretas, para sujar-te a casa, para adormecer todas as manhãs no teu braço. Eu vivia esta rotina aborrecídíssima, todos os dias se isto me impedisse de ficar longe de ti! Eu abdicava de tudo para não te perder. Tu és a melhor parte de mim. Tu e esse feitio tão bipolar. Sabes, senão fosses tu eu nos dias de hoje não andava feliz. Não andava com um sorriso na cara e com um coração cheio de amor. Nunca teria arriscado tudo no que realmente me anda a deixar feliz. Eu ás vezes, paro no tempo e penso como é que conseguiste - e consegues - ter tanta paciência. As lamentações que tu aguentaste. Os milhões de conselhos que me deste. Todos os risos que me arrancaste. Todas as lágrimas que conseguiste parar. Tu realmente conheces-me tão bem. Conheces-me como quase ninguém. Sabes no que eu estou a pensar, quando estou a pensar e até o porque. E sabes, ás vezes nem eu própria sei o porque. Conheces-me melhor do que eu própria, não é incrível? Em apenas alguns meses, tornei-te a ti, uma simples conhecida, na minha irmazinhã. Na menina dos meus olhos. No meu grande refúgio. E no que for por mim, nem a distancia vai destruir isso, ou achas que uns meros km vão conseguir sequer fazer estremecer o tamanho do sentimento que nutrimos uma pela outra? E mesmo que o futuro, nos afaste por motivos que ambas desconhecemos agora esse carinho todo que nutres por mim, os meus socos no teu braço, os teus puxões de cabelo, as minhas azias, a tua voz, as nossas testas, o meu nariz, o teu queixo. As nódoas negras que tens á minha custa. As beatas que tens nas camisolas, as nossas brigas, os nossos choros. Todos os desabafos que tivemos, todas as nossas cantorias e gritos. Os desenhos feitos em todos os teus livros e todas as palavras escritas nos meus. As nossas paixões parvas e os grandes amores das nossas vidas. O ódio todo que nos rodeia e o amor ainda maior que não nos larga. Percebe, eu faço tudo para te ver feliz. Tudo o que eu te digo, todas as vezes que eu barafusto com as tuas escolhas foi porque eu já as fiz. Exactamente da mesma maneira que tu as estás a fazer. E eu não consigo ver-te pelo mesmo caminho e saber que te vais magoar. Ouve-me. Ouve-me por favor. Eu não me engano acerca do teu futuro. Arrisca, esquece todos os medos. A dor faz parte de tudo nesta vida, sabes disso não é? E quando te fores abaixo eu vou estar aqui, sempre que puder, que o tempo me permitir e tu quiseres. Se eu não estiver, tu tornaste-te uma mulherzinha. Uma mulherzinha daquelas que dá orgulho de ver. Uma mulherzinha que larga encanto por todo o lado que passa. Tu aguentas tudo, acredita em mim. E vamos ser as duas fortes, sim? Vamos aguentar esta amizade o máximo de tempo possivél. Vamos aproveitar estas últimas semanas, este Verão que para o ano tudo pode estar diferente. Vamos continuar a confiar uma na outra e vamos prometer que quando tudo terminar apagamos todos os segredos acerca uma da outra da nossa cabeça, e os guardamos apenas no coração. Vamos ser as meninas felizes, com as nossas entradas triunfais, com a curiosidade que todos tem acerca de nós. Vamos continuar a ser doidas, a amar, a divertirmos-nos ao máximo. Para quando um dia, quando formos mais velhas, como ambas dizemos nos encontrarmos num supermercado barato, sorrirmos uma para a outra e recordar-nos destes anos que são os melhores das nossas vidas. Aqui a pequenina ama-te. Ama-te até ao fim do mundo e ainda mais do que isso. Obrigado por tudo. Inseparáveis, não é? E digo-te, do fundo do coração que foste a minha surpresa do ano e a melhor coisa que me podia ter acontecido ∞