Já não resta nada, sabes? Não resta minimamente nada de tudo
o que passámos e o meu coração consegue lamentar tudo isso. Não resta nada das
nossas tardes, nem das noites que passávamos juntos. Também, as palavras
foram-se com as estações do tempo e os gestos acabaram por deixar de ter significado
com o tempo. Passou tanto tempo, nem eu
mesma acredito. Tu deste mesmo cabo de mim, sabias? Partiste-me o coração de
todas as maneiras possíveis e espezinhaste-me de todas as maneiras imagináveis. Tu nunca digas que eu não lutei por ti, não
te atrevas a dizer isso. Tu imaginas a quantidade de pessoas que eu perdi, ao
guardar este amor todo dentro de mim? Então e os 365 dias que eu passei a
fingir um sorriso que estava tão longe do meu verdadeiro estado de espírito?
365, querido. Não é brincadeira nenhuma. Enquanto tu beijavas outra rapariga,
eu estava a pensar em ti. Enquanto tu saías com todos os teus amigos, eu estava
no quarto acordada á espera de receber uma chamada tua, para ouvir, nem que fosse
por uma última vez, a tua voz. Enquanto tu me vias e te rias do meu estado, eu
olhava para ti como se fosses o rapaz mais perfeito deste mundo e do outro.
Vais-me dizer que tudo isto não foi amor? Oh, não duvides, nunca, mas nunca do
quanto o meu coração te desejou. Ele foi capaz de tudo por ti e sabes que mais?
Eu estou com uma pena enorme de ti, neste momento. Olha bem para ti. Estás
sozinho. Todas as raparigas que te amaram, cansaram-se de ti e de todas as tuas
palermices. Largaram-te e tu acabaste por ficar a vaguear por aí, sozinho. Tu
podias ter tido o Mundo. Eu podia ter tomado conta de ti, para sempre e
acredita, nunca nenhuma rapariga vai ser capaz de te amar como eu te amei.
Aliás, eu penso mesmo que nunca vou conseguir amar alguém como te amei a ti. E
eu nem quero. Eu não quero que ninguém me roube o coração novamente e depois
desista de mim, sem me explicar os porquês.
Eu pensei que quando te estivesse a escrever esta carta, iria estar a
mentir, mas não estou. Aliás eu digo-te, do fundo do meu coração que já não te
amo. Ufa, soube bem. Eu já não te amo e o meu coração já não transborda de amor
por ti. Ele também já não chama o teu nome a todas as suas batidas e os meus
pensamentos antes de adormecer e ao acordar já não se baseiam em ti. Estás
feliz? Olha, eu estou. Eu estou feliz como já não estava há tanto tempo! Eu
ando a respirar sem sentir a tua falta, sem dor. Ando a sorrir sem mágoa por
trás de tal acto e nem acredito que isto está mesmo a acontecer. Eu já merecia
isto, admite lá. Mas, tu não penses que eu deixo de me arrepender de te ter
magoado! Claro que sim. Tu foste um rapaz incrível comigo e eu parti-te o
coração em mil bocadinhos. Foi o meu maior erro e eu sei que mesmo daqui a uns
anos, eu de vez em quando, ainda me irei interrogar “e se?” algumas vezes.
Claro que eu ainda não me esqueci completamente de ti, não penses que assim de
um momento para o outro todas as mágoas se vão e todas as cicatrizes que eu
tenho feitas por ti. Mas eu espero que o tempo me ajude a fazer com que o resta
deste meu sentimento doido se vá. Acho mesmo que esta é a última carta que te
irei escrever. Não vejo mais necessidade de te escrever quando já não te amo –
desculpa estar a repetir isto tantas vezes, mas está mesmo a saber-me bem – não
achas? Espero que um dia consigas esquecer todo esse orgulho que te caracteriza
tanto e que me magoou durante tanto tempo e que possamos voltar a ser amigos.
Eu vou sempre sentir a tua falta, nesse aspecto. E mesmo que não notes, eu
sempre que te vir vou olhar para ti. O meu coração vai sempre dizer-me baixinho
“olha está ali o rapaz que te tornou uma pequenina tão forte” e eu vou sorrir
quando vir que ele vai ter um batimento mais forte que o normal. É que tu nunca
vais ser esquecido por o meu coração. Afinal, o primeiro grande amor não se
esquece certo?
A tua ex-princesa,
com muito carinho e
com todas as felicidades do mundo.
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